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O HPV e o Câncer de Colo Uterino – Mitos e Verdades
O câncer de colo uterino é o segundo tipo de câncer mais frequente nas mulheres brasileiras, acometendo cerca de 15.000 novos casos por ano no Brasil. Acontece a partir dos 20 anos com pico de incidência máxima por volta dos 50 – 60 anos.
É um problema de saúde pública, embora exista prevenção e cura, desde que o diagnóstico precoce e o tratamento sejam feitos de maneira adequada.
O teste Papanicolaou, também conhecido como preventivo, constitui-se na principal estratégia utilizada em programas de rastreamento para o controle do câncer do colo do útero.
O principal fator de risco responsável pelos tumores do colo uterino é a infecção pelo vírus HPV, sigla em inglês do “papiloma vírus humano”.
Antes de se transformar em maligno, o tumor passa por uma fase de pré-malignidade, popularmente conhecida como “NIC” (neoplasia intraepitelial cervical), que pode ser classificada em graus I, II, III e IV de acordo com a gravidade do caso. Esse processo pode levar vários anos, daí a importância de se procurar o ginecologista regularmente, a intervenção precoce é capaz de prevenir o desenvolvimento e tratar as lesões pré-cancerosas.
Apesar de ser considerada uma condição necessária, a infecção pelo HPV por si só não representa uma causa suficiente para o surgimento dessa neoplasia. Outros fatores ligados à imunidade, à genética e ao comportamento sexual parecem influenciar os mecanismos ainda incertos que determinam a regressão ou a persistência da infecção e também a progressão para o câncer.
A idade também interfere nesse processo, sendo que a maioria das infecções por HPV em mulheres com menos de 30 anos regride espontaneamente, ao passo que, acima dessa idade, a persistência é mais frequente.
O tabagismo eleva o risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. Esse risco é proporcional ao número de cigarros fumados por dia e aumenta sobretudo quando o ato de fumar é iniciado em idade precoce. Existem hoje ínumeros tipos de HPV reconhecidos como cancerígenos, sendo os mais comuns o HPV16 e o HPV18.
Como o HPV é contraído?
As pesquisas comprovam que 50% a 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. Porém, a maioria das infecções é transitória, sendo combatida espontaneamente pelo sistema imune, principalmente entre as mulheres mais jovens. Qualquer pessoa infectada com HPV desenvolve anticorpos (que poderão ser detectados no organismo), mas nem sempre estes são suficientemente competentes para eliminar os vírus.
Como o vírus pode ser diagnosticado?
As verrugas genitais encontradas no ânus, no pênis, na vulva ou em qualquer área da pele podem ser diagnosticadas pelos exames urológico (pênis), ginecológico (vulva) e dermatológico (pele). Já o diagnóstico das lesões precursoras do câncer do colo do útero, produzidas pelo HPV, é feito através do exame preventivo. O diagnóstico é confirmado através de exames laboratoriais de diagnóstico molecular, como o teste de captura híbrida e o PCR.
Quais os riscos da infecção por HPV em mulheres grávidas??
A ocorrência de HPV durante a gravidez não implica necessariamente em má formação fetal, nem impede o parto vaginal (parto normal).
Qual é o risco de uma mulher infectada pelo HPV desenvolver câncer do colo do útero??
Embora estudos mostrem que a infecção pelo papilomavírus é muito comum, somente uma pequena fração (entre 3% a 10%) das mulheres infectadas com um tipo de HPV com alto risco de câncer desenvolverá câncer do colo do útero.
Qual a importância da vacina contra o HPV?
A vacina contra o HPV é uma promissora ferramenta para o combate a esse câncer. Apesar disso, as vacinas disponíveis hoje não conferem imunidade contra todos os tipos de HPV. Estão disponíveis no Brasil as vacinas quadrivalente (HPV 6,11,16 e 18) e bivalente (HPV 16 e 18) contra o câncer do colo do útero, indicadas para mulheres com idade de 9 a 26 anos.
*Não existe idade mínima para as meninas receberem as vacinas disponíveis contra a infecção pelo HPV, apesar de a orientação ser ministrá-la a partir dos 9 anos de idade, por três doses, antes da iniciação sexual. O SUS já disponibiliza a imunização para as meninas. Não deixe de vacina-lás!
* Toda mulher precisa estar consciente de que o exame preventivo realizado periodicamente representa uma estratégia de rastreamento do câncer de colo uterino que pode salvar vidas.
* Não se esqueça: o uso da camisinha em todas as relações sexuais é um cuidado indispensável contra a infecção não só pelo HPV, mas também por outros agentes de doenças sexualmente transmissíveis.
A estratégia de rastreamento recomendada pelo Ministério da Saúde é o exame citopatológico (Papanicolaou) prioritariamente em mulheres de 25 a 64 anos. Entretanto tal exame pode ser realizado a partir do início das atividades sexuais até por volta dos 75 anos. As mulheres que não possuem mais útero também necessitam de avaliação.
O tratamento do câncer de colo uterino está baseado na cirurgia oncológica, na radioterapia e na quimioterapia, onde cada caso deve ser individualizado para definirmos a melhor conduta. Vale lembrar que se as táticas de rastreamento e prevenção foram efetivas os casos de câncer serão evitados!
Prevenir é cuidar bem da vida!
Fonte: INCA – www.inca.gov.br
Dr. Juliano Rodrigues da Cunha
Cirurgião oncológico | Mastologista