O câncer do colo do útero é o tumor que se localiza na porção inferior do útero, junto à cúpula da vagina. O colo do útero é a parte que se abre no canal vaginal e se dilata durante o trabalho de parto.
Segundo informações do Instituto Nacional do Câncer, em 2014, no Brasil, são esperados 15.590 casos novos de câncer do colo do útero, com um risco estimado de 15,33 casos a cada 100 mil mulheres.
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o mais incidente na região Norte. Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, é o segundo mais frequente. Na região Sudeste, o quarto e, na região Sul, o quinto mais frequente.
Sua incidência é maior nos países menos desenvolvidos quando comparada com as de países desenvolvidos.
As pacientes que têm o diagnóstico na fase inicial da doença têm excelentes taxas de sobrevida. A maior razão para a melhora na sobrevida e do desfecho se deu pela melhora do diagnóstico precoce de lesões precursoras através do exame preventivo de Papanicolaou. Em geral, a doença atinge mulheres a partir de 30 anos, aumentando seu risco rapidamente até atingir o pico de incidência por volta de 50 anos de idade.
O tipo histológico mais comum do câncer do colo do útero é o carcinoma de células escamosas, representando cerca de 85% a 90% dos casos, seguido pelo tipo adenocarcinoma. O principal fator de risco para o desenvolvimento de lesões intraepiteliais de alto grau (lesões precursoras do câncer do colo do útero) e do câncer do colo do útero é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV). Contudo, essa infecção, por si só, não representa uma causa suficiente para o surgimento da neoplasia, faz-se necessária sua persistência.
A causa da maior parte dos tumores de colo de útero é a infecção pelo HPV. A maioria das pessoas infectadas pelo HPV não desenvolve problemas graves e grande parte se cura espontaneamente. Entre aquelas que não eliminam o vírus, uma parte poderá desenvolver a doença, caso não receba o tratamento preventivo pelos ginecologistas.
Grupos com maior risco de desenvolver câncer do colo do útero:
Nos estágios iniciais, a maioria das mulheres não apresenta sintomas. O sinal mais precoce é o exame alterado do Papanicolau realizado de forma rotineira. O desenvolvimento do câncer é lento, então muitos anos se passam até os sintomas terem início. Caso as células pré-cancerígenas sejam detectadas no exame preventivo, o tratamento corretamente realizado tem alta taxa de eficácia.
Com o crescimento do tumor os sintomas mais frequentes são:
O exame principal para o confirmação do diagnóstico é a biópsia do colo do útero para análise do patologista. A biópsia pode ser feita tanto no consultório quanto no centro cirúrgico.
Outros exames clínicos e de imagem são feitos conforme cada caso para determinar a extensão do tumor no colo do útero e no restante do corpo. Testes e procedimentos feitos de forma rotineira podem ser:
O estadiamento do câncer de colo do útero é em 4 grupos:
Estadio I: Câncer limitado ao colo do útero;
Estadio II Câncer invade estruturas próximas além do colo do útero, como a vagina e o paramétrio;
Estadio III: Câncer que invade estruturas mais distantes do colo do útero, como a parede pélvica;
Estadio IV: Câncer que invade a bexiga, reto ou órgãos distantes.
As opções de tratamento dependem do estadiamento da doença.
As modalidades disponíveis podem ser cirurgia, radioterapia externa, braquiterapia, quimioterapia ou a combinação de duas ou mais modalidades.
Cirurgia: Pacientes podem ser tratadas com histerectomia (remoção do útero e colo do útero). Diferentes tipos de histerectomia são indicadas a depender da extensão do tumor no útero, como histerectomia simples (remoção do útero e colo do útero, sem remoção de tecido adicional do colo ou da vagina), histerectomia radical (remoção do útero e colo, além de parte do tecido ao redor do colo: paramétrio e em alguns casos a parte superior da vagina). A histerectomia radical é a cirurgia mais frequente.
Em certos casos, a depender da extensão do tumor, pode ser feita a tentativa de cirurgia preservadora da fertilidade como conização (retirada apenas de parte do colo do útero) ou traquelectomia radical (remoção do colo do útero e tecidos ao redor).
Radioterapia: dependendo do estádio pode ser administrada externamente em doses diárias ou internamente por meio de cateteres ou sementes, ou ainda em associação à quimioterapia.
Quimioterapia: em muitos casos usa-se quimioterapia que são drogas por via endovenosa que matam as células cancerígenas.
Há dispnível no mercado duas vacinas que protegem contra a infecção por HPV: Cervarix R e Gardasil R. Desde 2014, há disponível no sistema público de saúde a vacina para meninas de 9 a 16 anos
O ideal é que a vacinação que é feita em 3 doses no período de 6 meses ocorra antes do ínicio da atividade sexual das meninas.
O exame do Papanicolaou é indicado independente da vacinação contra HPV. A eficácia chega a perto de 100% na prevenção do câncer de colo do útero quando feita da forma adequada – deve ser iniciado aos 18 anos ou ano início da vida sexual e ser repetido anualmente (salvo orientação médica de intervalos maiores ou menores).
Fonte: EVA – Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos